domingo, 4 de novembro de 2007

Delicado




Delicado

O meu amor é ingênuo
É genuíno
É parte mesmo do meu organismo
Não é silogismo
E por isso é sincero
Como sístole e diástole são sinceras
Como um espasmo
Ou uma dor de fome.

A minha música sente dor
Porque ela não é um produto
Da razão
Ou mesmo da intuição
Ela é elemento palpável
Visceral e notável
Como uma costela
Uma coluna
Nascida estranha
Das minhas entranhas.

Meu amor
Minha música
Não têm premissa
Nem conclusão
São uníssonas
Universo particular
Dentro do som
Sem contorno
Silencioso
Sem transtorno
Que não se fatia
Que é delicado
E se chama Encantado
Que segue lado a lado
A lado a lado
Sem borda de fim e começo
Sem trecho
Sem veio
Sem enleio
Sendo somente
Meio.


(http://www.tratado.blogger.com.br/2007_04_01_archive.html)

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