terça-feira, 13 de novembro de 2007

Nosce te ipsum, parte I

Nosce te ipsum
"Conhece-te a ti mesmo"
Essa inscrição encontrava-se no Templo de Apolo, em Delfos, Grécia.

Torna-te consciente de tua ignorância, é o que quer dizer, e é o ápice da sabedoria.

Encontro-me no vale da ignorância, então, uma vez que nem mesmo consigo definir o que eu NÃO sou.
Não... encontro-me no vale da ignorância por mascarar meus defeitos, meus erros e minha incrível ignorância. O problema é que ao deparar-me com o Eu que represento percebo que não é nada agradável e que está muito distante do Eu que almeijo. Para mim, autoconhecimento é a mais forte religião que existe, uma vez que temos conhecimento de nossa essência, que é divina.

Pretendo sair desse vale o quanto antes mas se quiser me encontrar, vá até o Continente dos Ignorantes, País da Escuridão, Bairro dos Hipócritas na Rua dos Fracos, nº 99.
E quando eu me mudar para A Ilha quase inabitada, talvez eu nem mais atualize esse blog, mas todo mundo saberá.

E como todo ignorante, tive um dia sem muito aproveitamento.

Taí uma parte do díalogo entre Xenofonte e Sócrates.

II

S— Dize-me Eutidemo, estivestes alguma vez em Delfos?

X— Duas vezes, por Zeus!

S— Viste, então, a inscrição gravada no templo: conhece-te a ti mesmo?

X— Sim, certamente.

S— Esta inscrição não te despertou nenhum interesse, ou, ao contrário, notaste-a e procuraste examinar quem tu és?

X— Não, por Zeus! Dado que julgava sabê-lo perfeitamente: pois teria sido difícil para eu aprender outra coisa caso me ignorasse a mim mesmo.

S— Então pensas que para conhecer quem somos, basta sabermos o nosso nome, ou que, à maneira dos compradores de cavalo que não crêem conhecer o animal que querem comprar antes de haver examinado se é obediente, teimoso...

S— Parece-me, de acordo com o que acabas de dizer-me, que não conhecer o próprio valor equivale a se ignorar a si mesmo.

S— Os que se conhecem sabem o que lhes é útil e distinguem o que podem fazer daquilo que não podem: ora, fazendo aquilo de que são capazes, adquirem o necessário e vivem felizes; abstendo-se daquilo que está acima de suas forças não cometem faltas e evitam o mau êxito; enfim, como são mais capazes de julgar os outros homens, podem, graças ao partido que daí tiram, conquistar grandes bens e livrar-se de grandes males... Contrariamente, caem nas desgraças.

Xenofonte, Memoráveis, IV, II, 26.

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